A Educação Alimentar é um dos Pontos Fundamentais do Tratamento do Diabetes, Não é Possível um Bom Controle Metabólico sem uma Alimentação Adequada, As recomendações nutricionais para as pessoas com DM sofreram consideráveis alterações nos Últimos Anos, Desde 1994, a partir de recomendações adotadas pela American Diabetes Association (FRANZ e col, 1994), as dietas com distribuição calórica padronizada dos macronutrientes têm sido descartadas, em favor da elaboração de planos alimentares baseados na avaliação nutricional do indivíduo e no estabelecimento de objetivos terapêuticos específicos, que devem levar em consideração aspectos nutricionais, médicos e psicossociais (MULS, 1998).
O Objetivo Geral da Conduta Nutricional é auxiliar o indivíduo com diabetes a fazer mudanças em seus hábitos alimentares, promovendo, assim, melhor controle metabólico (ADA, 1999). Os objetivos específicos da terapia nutricional, definidos por consensos internacionais são: contribuir para a normalização da glicemia, diminuir os fatores de risco cardiovasculares, fornecer calorias suficientes para a obtenção e/ou manutenção do peso corpóreo saudável, prevenir as complicações agudas e crônicas do diabetes, e promover a saúde, através da nutrição adequada (ADA, 1999; MULS, 1998).
O Plano Alimentar Deverá:
- Visar ao controle metabólico (glicose e lipídeos plasmáticos), da pressão arterial e à prevenção de complicações;
- Ser Nutricionalmente Adequado. Recomenda-se, atualmente, à pessoa com diabetes, a alimentação saudável e equilibrada que todo indivíduo deveria seguir. As dietas restritivas, além de nutricionalmente inadequadas, são de difícil adesão;
- Ser individualizado (atender às necessidades individuais de acordo com a idade, sexo, estado fisiológico, estado metabólico, atividade física, doenças intercorrentes, hábitos socioculturais, situação econômica, disponibilidade de alimentos, etc);
- Fornecer valor calórico total (VCT) compatível com a obtenção e/ou manutenção do peso corpóreo desejável. Para pessoas obesas, a dieta deverá ser hipocalórica, com déficit de 500 a 100 Kcal diárias, que possa promover perdas ponderais de 0,5 a 1,0 Kg por semana (SECHEEN E LEFÈBVRE, 1999). Devem-se evitar dietas com VCT inferior à taxa de metabolismo basal do indivíduo e apenas em casos especiais e por tempo limitado podem ser utilizadas dietas com valor calórico inferior a 1000 calorias.
Composição do Plano Alimentar
- Em termos práticos, podemos afirmar que, na dieta da maioria das pessoas com diabetes, os carboidratos deverão representar em torno de 50 a 60% do valor calórico total da dieta. Isso significa que a pessoa com diabetes deverá ingerir 6 ou mais porções diárias de alimentos ricos em carboidratos, dando preferência aos complexos (fontes de amido) e ricos em fibras (uma porção de carboidratos corresponde, por exemplo, a uma fatia de pão de forma ou meio pão francês ou uma escumadeira rasa de arroz ou macarrão ou uma batata média ou meia concha de feijão). O total de porções diárias desse grupo de alimentos variará de acordo com o VCT da dieta prescrita e portanto, basicamente com o índice de massa corporal, idade e nível de atividade física do indivíduo. Assim, mulheres com IMC > 27 Kg/m2, sedentárias, poderão receber apenas 6 porções/dia. Homens ativos, com peso normal, poderão ingerir até 11 porções/dia. Essas quantidades deverão ser individualizadas.
- As gorduras deverão representar menos que 30% do VCT da dieta, sendo que as gorduras saturadas deverão corresponder, no máximo, a 10% do VCT. Em termos práticos, isso significa que a pessoa com diabetes deverá evitar alimentos gordurosos em geral, como carnes gordas, embutidos, laticínios integrais, frituras, gordura de côco, molhos, cremes e doces ricos em gordura e alimentos refogados ou temperados com excesso de óleo ou gordura. Em algumas situações, como na hipertrigliceridemia ou quando a HDL-colesterol se apresenta abaixo do desejável, pode ser aconselhável aumentar a quantidade de gorduras monoinsaturadas (azeite, abacate, óleo de canola), reduzindo nesse caso a oferta de carboidratos (MULS, 1998).
- O conteúdo protéico deve ser de 0,8 a 1,0 g/kg de peso desejado por dia. Em termos práticos, isso corresponde a duas porções pequenas de carne por dia, que podem ser substituídas com vantagem pelas leguminosas (feijão, lentilha, soja, ervilha ou grão de bico) e duas a três porções diárias de leite desnatado ou queijo magro. Os ovos também podem ser utilizados como substitutos da carne, respeitando-se o limite de 2 gemas por semana, em função do teor de colesterol. Excessos proteicos, especialmente de carnes vermelhas, devem ser evitados.
- A alimentação deve ser rica em fibras, vitaminas e minerais, para o que se recomenda o consumo diário de duas a quatro porções de frutas (sendo pelo menos uma rica em vitamina "C") e de três a cinco porções de hortaliças (cruas e cozidas). Recomenda-se, ainda, dar preferência, sempre que possível, aos alimentos integrais.
Recomendações Complementares
O Profissional deverá insistir nas vantagens do fracionamento dos alimentos, distribuídos em 3 refeições básicas e 2 a 3 refeições intermediárias complementares, nelas incluída a refeição noturna (Composta Preferencialmente por Alimentos como Leite ou fontes de Carboidratos Complexos).
Deve-se procurar manter constante, a cada dia, a quantidade de carboidratos ingerida, bem como sua distribuição nas Diferentes Refeições.
Não é recomendável o uso habitual de bebidas alcóolicas. Contudo, estas podem ser consumidas moderadamente (1 a 2 vezes por semana, no limite de 2 copos de vinho ou 1 latinha de cerveja ou 1 dose de uísque, de 40 mL) desde que acompanhadas de algum alimento, já que o excesso de álcool pode produzir hipoglicemia. A bebida alcóolica deverá ser restringida para pacientes com hipertigliceridemia, obesos (devido ao seu alto valor calórico) ou àqueles com mau controle Metabólico.
Os Alimentos Dietéticos podem ser recomendados considerando-se o seu conteúdo Calórico e de Nutriente, Os Refrigerantes e gelatinas dietéticas tem Valor Calórico próximo de Zero.
Alguns produtos dietéticos industrializados como chocolate, sorvetes, alimentos com glúten (pão, macarrão, biscoitos) não contribuem para o controle glicêmico nem para a perda de peso. Seu uso não deve ser encorajado. Vale ressaltar a importância de se diferenciar alimentos "diet" (isentos de sacarose, quando destinados a pessoas com diabetes, mas que podem ter valor calórico elevado, por seu teor de gorduras ou outros componentes) e "light" (de valor calórico reduzido, em relação aos alimentos convencionais). Em função dessas características, o uso de alimentos dietéticos, "diet" ou "light" deve ser orientado pelo profissional (nutricionista ou médico), que se baseará no conhecimento da composição do produto para incluí-lo no plano alimentar proposto.
Os Adoçantes podem ser utilizados considerando-se o seu Valor Calórico. O aspartame, ciclamato, sacarina, acessulfame K e sucralose são praticamente isentos de calorias. Já a frutose tem o mesmo valor calórico do açúcar. Os alegados efeitos danosos dos adoçantes artificiais não têm fundamentação científica Aceita sem Questionamento, A Organização Mundial de Saúde recomenda seu uso dentro de limites seguros, em termos de quantidade e, do ponto de vista qualitativo, recomenda alternar os diferentes tipos de edulcorantes.
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